sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Entrevista: Dementia 13
























O nome da banda vem de um filme de horror bem antigo, há alguma razão especial para o escolher esse filme?
Sim, é um filme emblemático do género e foi a primeira longa metragem dirigida por Francis Ford Coppola. Para além de gostar do filme, tem um nome que sempre pensei encaixar bem numa banda de Death Metal.


Cada tema do EP foi inspirado num filme de horror, podem-nos contar de que fala cada tema?
Todos os temas contam a história dos respectivos filmes. Alguns de uma maneira mais superficial, outros vão mesmo ao detalhe de descrever determinadas cenas mais marcantes. O primeiro tema, “There Are Those Who Kill Violently”, é inspirado no filme de 1979 de Abel Ferrara, “The Driller Killer”. “Feasting On Your Blood” retrata a história do filme “Blood Feast” (1963) de Herschell Gordon Lewis. “Dark Urges” é sobre “Antropophagus” (1980) do realizador Italiano Joe D'Amato e “Brotherhood Of he Flesh” fala sobre o filme “The Brood” (1980) do grande David Cronenberg.


O que te levou (Álvaro) a criar este projecto?
O facto do Death Metal tradicional ser um dos géneros de Metal que mais gosto e sempre ouvi! Por isso, há muito que tinha esta vontade de materializar muitas ideias que tinha… E também pelo facto de tocar numa banda de Thrash (Pitch Black) há 18 anos e não ter feito nada diferente musicalmente fora daí. É como passarmos a vida inteira com uma mulher loira! Vamos querer sempre saber como será a morena ahahaha. Por isso, meti mãos à obra sem olhar para trás. Como Pitch Black tinham parado devido a alterações de line-up, achei que seria o timing perfeito para avançar!


Quais são as bandas que mais te inspiram na hora de compor?
Muitas mesmo mas as principais serão Death, Bolt Thrower, Resurrection, Brutality, Malevolent Creation, Cancer, Benediction, Obituary, Massacre, Morgoth, Necrophagia, Pestilence, Cadaver e Autopsy.


A gravação do EP foi algo complexa, em vários estúdios com músicos convidados, como decorreu esse processo?
Planeámos tudo com antecedência e depois foi uma questão de organização. Gravámos as guitarras e baixo em casa, com tempo e aos poucos. Depois só foi necessário enviar as gravações para o Ultra Sound (Moita) onde foi gravada a bateria enquanto nós no Porto (Estúdios 213) captávamos a voz. Quando terminámos tudo começaram as misturas pelo Hugo Andrade e a seguir foi para o André Gonçalves masterizar. Foi um pouco trabalhoso mas tinha de ser assim… Não tínhamos condições para nos deslocarmos a um estúdio, estarmos lá 3 ou 4 dias a gravar (ainda por cima na Moita). Estávamos a começar a banda do zero e como não tínhamos muito dinheiro para investir teve de ser feito tudo desta forma e à distância. Por outro lado, era algo assim que queríamos mesmo, uma vez que a intenção era poder contar com diversos músicos (e não só) e foi o que fizemos. Mas ficamos 100% satisfeitos e, pelo feedback que nos chega, muita gente gostou também.


Porquê escolher o Xinês e o Nuno Lima para a gravação?
Precisamente porque queria trabalhar com vários músicos de forma a que cada um pudesse contribuir com o seu talento. É também uma forma que tenho de divulgar o que toda essa gente faz e espalhar o nome delas, uma vez que são pessoas cujo o trabalho admiro imenso e toda a gente merece ouvir. O Xinês tinha a vantagem da localização geográfica relativamente ao Ultra Sound e é, na minha opinião, o melhor baterista nacional de Metal. Em relação ao Lima, quando ouvi uma gravação antiga de uma banda de Death Metal onde tinha cantado, fiquei com a impressão que seria a voz ideal para este projecto. Tinha exactamente o que eu procurava: uma voz agressiva e gutural mas com uma dicção perceptível o que confere ainda mais peso a cada música.


Achas que eles podem vir a integrar na banda definitivamente?
O Xinês não é possível devido à distância e a todo o trabalho que já tem com Switchtense entre outros projectos e ao vivo temos tocado com o João R. (Raw Decimating Brutality) e com o Hugo S. (AntiVoid, Scarificare, Unfleshed). Mas, de qualquer forma, Dementia 13 não é mais que um projecto paralelo. Todos os três elementos fixos têm as suas bandas principais (Pitch Black, Biolence e Holocausto Canibal) e isto foi a materialização de uma ideia que eu já tinha há anos que por não gostar de estar criativamente envolvido em mais que uma banda, nunca avancei até agora. A princípio vou continuar a gravar e a editar mas ao vivo, por exemplo, a história já será outra. Não vamos estar sempre disponíveis para tocar e Dementia 13 estará sempre dependente da actividade que eu e o Marco tivermos em Pitch Black pois essa é a nossa prioridade.


O feedback do EP tem sido bastante positivo, estavas à espera de tais reacções? Parece que até o Kam Lee (Massacre/Death) gostou…
Sinceramente não estava à espera que tivéssemos tanto feedback lá de fora num tão curto espaço de tempo! Sim, o Kam Lee fez imensos elogios e quando ouviu disse-me logo por mail que tinha adorado. É uma pessoa excelente e apoia imenso tudo o que se faz no Underground. Até já fez um especial de Gangrena no programa dele. Quem quiser ouvir o destaque que fez ao nosso trabalho pode fazer o download do programa inteiro na nossa página oficial. Também recentemente o Dave Ingram (Benediction/Bolt Thrower) passou um tema nosso no programa de rádio dele (Metal Breakfast Radio) e fez-nos grandes elogios. Engraçado que músicos que são autênticos mitos da história do Metal ainda têm o gosto e tempo para ajudar a divulgar e a promover bandas um pouco por todo o mundo, enquanto que em Portugal temos o exemplo do Fernando Ribeiro a disparar em todas as direcções contra músicos, bandas, editoras, promotores e festivais de Metal. Cá é assim…


A banda não vai dar concertos por muito mais tempo e em estúdio como vai ser? Já estão a compor algo ou a ponderar outro lançamento para breve?
Neste momento temos já alguns temas em pré-produção. Estamos a gravar, a ver como soam, a escrever letras, etc… Depois quando decidirmos como irão ficar no seu produto final avançamos com gravações a sério. Tivemos várias propostas de editoras interessadas num longa duração da banda por isso é bem provável que em 2014 seja editado algo. Mas ainda é cedo para falar em algo de concreto.


Apesar de ser um projecto paralelo até têm dado alguns concertos, como tem sido a receptividade do público? E qual foi o melhor?
Sim, fomos recebendo várias propostas e fomos aproveitando todas as que podíamos de forma a divulgar o nosso trabalho ao máximo, tentar sempre vender CDs e merchandise, etc… E têm todos corrido muito bem. Para já só foram 4 mas até ao final do ano já temos mais 7 confirmados. Não consigo eleger o melhor desses 4 pois todos eles foram excelentes e, para uma banda recente, tivemos imenso público a assistir e a apoiar. O concerto de Barroselas foi muito bom. Fizemos um set de uma hora, com o espaço completamente cheio, já de madrugada e o ambiente foi fantástico.


Para finalizar, que filmes de horror aconselhas para os ouvintes de Dementia 13?
Para quem gosta, muitos dos clássicos são altamente aconselháveis: “Phenomena”, “The Thing” (versão do John Carpenter), “The Beyond”, “Night of the Living Dead”, “Invasion Of The Bodysnatchers” (versão de 1978), “The Brood”, “Nekromantik”, “Bad Taste”, “Antropophagus”, “Demons" (1985), etc… Assim algo mais recente e se calhar menos conhecidos para alguns, aconselharia o “The House Of The Devil” (2009), “Martyrs” (2008), “Juan De Los Muertos” (2011), “Excision” (2012), “Sheitan” (2006), Evil Aliens” (2005), “Tucker And Dale vs Evil” (2010) e “Doghouse” (2009).

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